Nossa família existe

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sábado, 6 de junho de 2015

Desunião e Sonho


Já fazia mais de dois anos que estávamos juntas e para mim cada mês que passava era um tempo que deixava de tentar, prestes a fazer 35 anos, sentia que faltava algo e um vazio enorme no coracao,  meu lado mãe gritava e não conseguia mais calar, me imaginava cuidando, vestindo, amamentando, era quase uma tortura, noites sonhando com meu bebê, não comentava muito porque sabia que a Claudia não entendia, ela sempre falava que era possível esperar mais e mais ou nem ter filhos, muitas vezes comentou que a paz e o sossego iam embora e que um filho poderia inclusive nos separar, ela dizia que não levava jeito com criança e que nunca pensou nisso em toda sua vida, que era um sonho só meu.
Doía ouvir isso e por muitas vezes eu pensei se estava fazendo a escolha certa em continuar com o relacionamento.
Ser mãe para mim estava antes de ser esposa ou companheira e fui clara e sincera, quando em uma conversa franca eu disse que com ou sem ela eu teria o bebê.
O clima ficou pesado e ela se convenceu que o bebê poderia nos separar mesmo antes de chegar, e realmente poderia, por mais que a amasse era meu sonho de vida e não seria feliz por completo faltando algo tão necessário e mais importante que tudo para mim.
Ela concordou sem nenhuma emoção, e eu decidi que ia em busca do meu sonho e que se ao longo do percurso não houvesse interesse por parte dela eu seguiria sozinha.
Comecei pesquisar sobre como seria feito, me senti muito sozinha, eu e os sites de busca, os fóruns de treinantes e os relatos de parto, desenvolvimento do bebê, foi aí que tive a ideia de criar um blog e contar um pouco dos meus momentos de agonia, ansiedade e esperança.
Não sabia se ia ser lido ou não mas tinha certeza que um dia ia mostrar para meu filho e ele poderia sentir o quanto foi esperado, planejado e amado mesmo antes de chegar.

Conversando com a Claudia sobre a inseminação artificial, além do custo e da possibilidade de não dar certo e termos que repetir e repetir, ela não gostou da ideia de fazermos o bebê sem conhecer o pai biológico, para mim era só mais uma desculpa para dificultar o acontecimento.
Foi pesquisando em um site de Portugal que descobri sobre a inseminação artificial caseira, fiquei super animada, na Europa e Estados Unidos isso era frequente e comum, achei fóruns onde as mulheres falavam do assunto diariamente, dos positivos e me enchi de esperanças.
Esperei ansiosa ela voltar do trabalho para falar sobre essa possibilidade, li alguns relatos, mostrei os sites, ela goatou da ideia e finalmente concordamos em fazer a inseminação caseira.
Mas quem seria o doador?
Começamos a listar quem poderia ser e vieram vários nomes, não parecia ser tão difícil com uma lista razoável de conhecidos.
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